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Caos na saúde do AM! Hospital Infantil Joãozinho vira uma bomba-relógio e governo faz mega festa para cunhã poranga

Por Juca Queiroz - Memorial News

Fotos: Divulgação

Manaus/AM - Uma multidão lotou a praça do Largo São Sebastião, no entorno do Teatro Amazonas, para prestigiar a permanência da cunhã poranga do Boi Garantido na final do reality show Big Brother Brasil, na Tv Globo. Festa bancada com dinheiro do governo do Amazonas com palco, iluminação, som, telões de alta definição, grupos musicais e show pirotécnico da melhor qualidade.


Durante essa mega festa, no mesmo horário, outra multidão se aglomerava no entorno do Hospital e Pronto Socorro Infantil Joãozinho, localizado na Zona Leste de Manaus. Eram simplesmente pais e mães em busca de socorro para seus filhos, em mutirões de até quarenta e oito horas. Tudo para tentar a sorte e conseguir um atendimento na unidade hospitalar.


Usuários denunciam a toda hora, à espera de um verdadeiro milagre para serem atendidos. As longas filas, a desorganização dos funcionários e a falta de estrutura, só evidenciam o caos instalado na saúde do Amazonas.


Em meio à bagunça generalizada e ao desespero coletivo, estava Maria Nilza Félix, de 29 anos, com seu bebê de 9 meses no colo sentada à beira da calçada. Ela relata o descaso e o abandono pelos quais passa o hospital.


"Estou aqui com meu filho que tem bronquite crônica. Já fazem dois dias que tento a sorte para conseguir uma consulta. Os funcionários alegam que falta médico e o ambulatório está no limite de material para atendimentos. Não sei mais o que faço. Na verdade, esse problema já existe há alguns anos, eles só disfarçam que está melhorando", disse Maria Nilza à beira do desespero.

Os usuários dizem em coro que tentam a sorte todos os dias, chegando a ficar mais de 36 horas na fila. Os que conseguem ser atendidos, ainda têm que enfrentar uma maratona de protocolos para resolverem seus casos. Outro problema recorrente é a falta de ambulância no hospital.


Carlos Luís da Silva, 36 anos, torneiro mecânico, disse que está há três dias tentando uma consulta.


"Já faltei três dias ao trabalho, porque meu filho está acometido de uma crise respiratória. Ele tem cinco anos e tem dificuldade para respirar. Em outras ocasiões, conseguia resolver o problema rápido e sem espera. Não sei o que aconteceu aqui no hospital. O que sei é que não está fácil para ninguém. Tentei ligar várias vezes, mas não obtive resposta. Não sei nem o que fazer, a quem recorrer", desabafa nervoso.

Os funcionários do hospital se recusam a falar com a imprensa. Os que falam, pedem para não serem identificados com medo de represálias. Eles alegam atrasos nos pagamentos, falta de alimentação, falta dinheiro para locomoção até o trabalho e falta de material.


"Os pais reclamam do total descaso e demora por parte dos funcionários da unidade. Muitos dormem na fila. Estamos aqui no limite também. É muita dificuldade, tanto para os usuários, como para nós funcionários. Ficamos com as mãos atadas, pois não conseguimos atender a demanda por falta de tudo. Vocês não sabem da verdadeira história. Aqui, matamos um leão todo dia. Corremos até risco de morte, por parte de pais nervosos e desesperados", disse um funcionário do hospital.

Secretário 'joga a toalha'


O ex-secretário de Saúde, médico Anoar Samad, que ficou quase três anos no cargo, não suportou o descaso com a pasta por parte do governo e pediu exoneração do cargo no dia 19 de março. Ele alegou problemas pessoais para deixar a pasta. Em sua página do Instagram, Anoar se despediu do cargo com sentimento de dever cumprido. Mal sabia ele (ou sabia?), que abandonou um barco furado, com uma bomba-relógio preste a estourar.


Ministério Público entra no páreo


No dia 30 de janeiro deste ano, o Ministério Público do Amazonas (MPAM) instituiu um Grupo de Trabalho (GT), para investigar irregularidades na área de saúde. A criação do Grupo de Trabalho legitima a atuação conjunta das Promotorias de Justiça da Saúde, do Patrimônio Público integrantes do Centro de Apoio Operacional de Proteção e Defesa dos Direitos Constitucionais do Cidadão, dos Direitos do Consumidor e da Defesa do Patrimônio Público (CAO-PDC).


Como parte do planejamento para atuação, o GT realizará inspeções às unidades de saúde pública em Manaus e ainda requisitará informações das Secretarias de Estado da Saúde e da Fazenda, bem como das autoridades de vigilância sanitária.


Hospital Tropical à beira do desabastecimento total


No mesmo dia (31/01), o mesmo Grupo de Trabalho do MPAM iniciou uma investigação de suspeita de irregularidades na área de saúde. A criação do Grupo de Trabalho legitima a atuação conjunta das Promotorias de Justiça da Saúde, do Patrimônio Público integrantes do Centro de Apoio Operacional de Proteção e Defesa dos Direitos Constitucionais do Cidadão, dos Direitos do Consumidor e da Defesa do Patrimônio Público (CAO-PDC).


Foi feita uma inspeção na Fundação de Medicina Tropical do Amazonas (FMT-AM), revelando a falta de recursos financeiros que prejudicam a assistência a pacientes com doenças infecciosas como HIV/AIDS e Hepatites Virais.


Representantes da FMT-AM, durante a inspeção, detalharam as dificuldades enfrentadas pela instituição. O diretor administrativo e financeiro, Flávio Azevedo de Lima, ressaltou que a falta de repasses desde agosto de 2023 já acumula uma dívida superior a 8 milhões de reais das contas de custeio, impactando o funcionamento e a oferta de serviços essenciais.


Como parte do planejamento para atuação, o GT ainda está realizando inspeções às unidades de saúde pública em Manaus e ainda requisitará informações das Secretarias de Estado da Saúde e da Fazenda, bem como das autoridades de vigilância sanitária.


Na última segunda-feira (15), o governador Wilson Lima nomeou para o cargo de secretário a enfermeira Nayara Maksud, que é formada em Enfermagem  pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (1999), seu estado-natal. Ela também tem experiência na Secretaria Estadual de Saúde do MS.

Nayara tem especializações na área, com ênfase em saúde pública, e tem Mestrado em Programa de Pós – Graduação em Condições de Vida Situações de saúde no Amazonas. Ao longo da sua formação, Nayara desenvolveu atividades de enfermagem junto a comunidades indígenas em Tefé. Ela também é enfermeira de carreira dos quadros da SES-AM desde 2005 e ao longo dos anos galgou posições importantes dentro da secretaria.


Nayara atuou como secretária executiva adjunta de política de saúde entre 2019 e 2022. Ela deixou o cargo para assumir como diretora do Hospital do Coração Francisca Mendes, onde permaneceu entre abril de 2002 e julho de 2023.


A nova secretária tem um desafio pela frente: apagar um incêndio que culminou no colapso da saúde do do estado do Amazonas. Não será fácil, haja vista que o próprio governador não conseguiu apagá-lo.




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