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Dados de 2023 mostram que desnutrição cresceu entre crianças indígenas enquanto educação para negros permanece precária

Por Raul Holderf Nascimento

Especial para o Memorial news

Foto: Marcello Casal Jr./EBC

A nova edição do Observatório das Desigualdades, lançada nesta terça-feira (27) pelo movimento Pacto Nacional pelo Combate às Desigualdades, que reúne mais de 200 entidades, mostra dados que apontam para o cenário de desnutrição infantil entre crianças indígenas e a estagnação da escolarização entre crianças e jovens negros no Brasil.


O levantamento mostra as disparidades em áreas como renda, educação, acesso a transporte, violência urbana e mudanças climáticas, mostrando como diversos grupos étnicos e de gênero vivem realidades muito diferentes. Entre 2022 e 2023, é dito que a desnutrição aumentou 16,1% entre meninos indígenas até 5 anos e 11,1% entre meninas da mesma faixa etária, enquanto a taxa de escolarização no ensino superior entre homens negros permaneceu em cerca de metade da registrada entre brancos.


Apesar de tímidas melhorias, como o aumento na frequência de crianças de 0 a 3 anos em creches, as desigualdades persistem. A menor taxa de crescimento na cobertura foi observada entre meninas negras, com um aumento de apenas 2,4%. Na educação, enquanto a taxa de escolarização no ensino médio é de 66% para alunos negros, entre brancos chega a 75%. No ensino superior, a taxa de escolarização entre homens negros é de 12,6%, comparada a 24,5% entre brancos.


O relatório também aponta uma diminuição na extrema pobreza no Brasil, de 2,8% para 1,7%, mas frisa que a desigualdade entre os mais ricos e os mais pobres permaneceu inalterada. Em 2023, o 1% mais rico do país tinha um rendimento médio mensal per capita 31,2 vezes maior que os 50% mais pobres, um aumento em relação ao ano anterior.


Em todo o país, a taxa de escolarização no ensino médio retrata uma disparidade significativa: apenas 66% dos alunos negros estão matriculados, em comparação com 75% dos alunos não negros (brancos, amarelos e indígenas, conforme a classificação do IBGE). No ensino superior, essa desigualdade se acentua.


Entre os homens negros, apenas 12,6% estão matriculados em universidades, o que representa metade da proporção observada entre os homens brancos (24,5%). A diferença é igualmente entre as mulheres: enquanto 17% das mulheres negras frequentam o ensino superior, quase 32% das mulheres brancas estão na universidade.


Mesmo sob o governo de Lula, eleito com uma agenda amplamente progressista e voltada para a redução das desigualdades, a realidade social do Brasil segue sem apresentar números satisfatórios em sua totalidade.


As disparidades em áreas essenciais como educação, saúde e acesso a oportunidades continuam altas, mostra o observatório. A análise sustenta que, mesmo com políticas inclusivas, a superação dessas desigualdades exige um comprometimento contínuo e medidas mais profundas para alterar estruturas históricas de exclusão.

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