Por Juca Queiroz - Redação Memorial
Fotos: Reprodução
Manaus está sendo palco de um escândalo político que envolve diretamente o candidato à prefeitura da capital, Capitão Alberto Neto (PL), e sua vice, Maria do Carmo (Novo). Ambos são alvos de uma denúncia protocolada na Polícia Federal e no Ministério Público Eleitoral, acusados de envolvimento em crimes eleitorais, incluindo suposto “caixa dois”, abuso de poder político e econômico, e uso de recursos de empresas da vice-candidata para financiar a campanha.
A denúncia, que já circula amplamente na imprensa local e foi repercutida pelo colunista Lauro Jardim, do Jornal O Globo, nesta quarta-feira (23), foi apresentada por Ronaldo Fernandes, candidato a vereador pelo Novo e coordenador da campanha de Alberto Neto. Fernandes, através de uma série de documentos, áudios e prints de conversas, detalha o que ele afirma ser uma série de irregularidades graves que podem comprometer a lisura do processo eleitoral.
Acusações centrais da denúncia
De acordo com a denúncia, Ronaldo Fernandes teria sido convidado para coordenar a campanha de Capitão Alberto Neto e Maria do Carmo devido à sua influência em várias comunidades de Manaus, o que seria um trunfo para atrair eleitores. No entanto, Fernandes aceitou o convite com uma condição: Maria do Carmo deveria financiar sua própria campanha a vereador, além de continuar apoiando a candidatura de Alberto Neto. Segundo ele, a proposta foi prontamente aceita.
Os advogados de Fernandes afirmam que a negociação resultou em um “acordo financeiro ilícito”, comprometendo a transparência do processo eleitoral. O valor inicial acordado teria sido de R$ 1,4 milhão, destinados tanto para a campanha de vereador de Fernandes quanto para a de Capitão Alberto e sua vice.
Os repasses, conforme descrito na denúncia, começaram em abril de 2024, com a transferência de R$ 340 mil para a fase de pré-campanha. Com o início oficial da campanha, em setembro, os valores cresceram significativamente. Entre 1º de setembro e 5 de outubro, Fernandes alega que aproximadamente R$ 240 mil foram utilizados mensalmente para o pagamento de cabos eleitorais, que atuavam organizados em equipes compostas por 20 líderes e cerca de 200 ativistas.
No entanto, o problema principal seria a origem e a forma como esses recursos foram movimentados. Fernandes alega que os valores não foram devidamente declarados nas contas oficiais da campanha, configurando um suposto esquema de “caixa dois”. Um dos exemplos citados foi uma transferência de R$ 22 mil oriunda da conta do Centro de Estudos Jurídicos do Amazonas, uma empresa da qual Maria do Carmo é sócia. Essa transação não teria sido registrada na prestação de contas, o que, de acordo com os advogados, caracteriza uma infração eleitoral.
Clima de tensão e coação eleitoral
Outro ponto destacado na denúncia envolve o clima de insatisfação que teria se instaurado entre os cabos eleitorais e os líderes de equipe. Fernandes relata que muitos dos pagamentos prometidos não foram integralmente repassados, gerando atritos e ameaças dentro da campanha. Em um áudio apresentado como prova, Maria do Carmo teria afirmado que, se houvesse revolta por parte dos cabos eleitorais, os envolvidos conheceriam seu lado “barraqueira”, uma fala que, segundo os advogados de Fernandes, teria servido para intimidar e coagir os colaboradores.
Além das ameaças verbais, o uso de seguranças particulares nas reuniões de campanha também foi citado como um fator de intimidação. A presença ostensiva de seguranças seria, segundo os denunciantes, uma forma de controlar possíveis revoltas e garantir que os cabos eleitorais permanecessem leais, mesmo diante da insatisfação generalizada.
De acordo com Lauro Jardim, a assessoria da campanha de Capitão Alberto e Maria do Carmo, foi procurada para comentar o caso mas não deu retorno até a publicação da nota.
Kommentare