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Lula destina R$ 3,2 bilhões para refinaria de Araucária e confirma reativação de fábrica deficitária da Petrobras

Por Juca Queiroz - Redação Memorial

Via Agência Estado

Foto: Ricardo Stuckert/PR

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), participou nesta quinta-feira (15) de uma cerimônia em Araucária, na região metropolitana de Curitiba, para marcar a reativação da fábrica de fertilizantes Araucária Nitrogenados S/A (Ansa), uma unidade da Petrobras que estava inoperante há quatro anos. Durante o evento, Lula também anunciou investimentos na Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), localizada ao lado da Ansa.


Esse evento sinaliza uma mudança significativa na estratégia da Petrobras, que anteriormente havia concentrado seus esforços na exploração e produção de petróleo e gás natural. Nos últimos anos, a estatal se desfez de ativos como a BR Distribuidora e a Liquigaz e, em 2019, firmou um acordo para vender oito de suas 12 refinarias. Em 2020, a Ansa foi colocada em “hibernação”, fase que antecede um possível fechamento.


No total, foram anunciados investimentos de R$ 870 milhões para a reativação da fábrica de fertilizantes e R$ 3,2 bilhões para a expansão da Repar.


Nesta quinta-feira, a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, no cargo há cerca de três meses, destacou os investimentos anunciados e classificou o evento como “o início do cumprimento da missão que o presidente Lula me endereçou”


Em seu discurso, Lula defendeu uma atuação mais ampla da Petrobras, incluindo a indústria naval. “A Petrobras não é uma indústria de petróleo, é uma indústria de desenvolvimento nesse país, de inovação nesse país”, afirmou.


Lula também criticou a gestão da empresa durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), entre 2019 e 2022. “A gente teve um período em que o Brasil não era governado. Era como se fosse uma nau à deriva”, comparou.


O presidente listou projetos interrompidos durante a administração anterior, como a conclusão de uma empresa em Três Lagoas, Mato Grosso do Sul, a Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, e o complexo petroquímico em Itaboraí, Rio de Janeiro. “Pararam tudo. Pararam a tentativa de fazer a refinaria no Ceará. Pararam a tentativa de fazer a refinaria no Maranhão. Por quê? Porque eles não pensam no Brasil”, criticou.


O presidente Lula, que optou por improvisar seu discurso, deixando de lado o texto previamente preparado, se emocionou ao recordar o período em que esteve preso na sede da Polícia Federal em Curitiba.


Durante a cerimônia, que contou com a presença de representantes de diversos sindicatos e movimentos sociais, Lula agradeceu aos apoiadores que mantiveram vigília durante os 580 dias em que esteve preso na capital paranaense.


Ele também compartilhou ter “ficado deprimido” e chorado em sua cela ao saber que funcionários da Petrobras eram hostilizados e chamados de “ladrão” devido às denúncias de corrupção investigadas pela força-tarefa da Lava Jato em contratos da empresa.


Fábrica de fertilizantes deve retomar atividades só em 2025

Prestes a retomar as operações, a Ansa tem capacidade de produção de 720 mil toneladas anuais de ureia, representando 8% do mercado do produto; 475 mil toneladas de amônia; e 450 mil m³ de Agente Redutor Líquido Automotivo (Arla 32) por ano.


No início de julho, 215 ex-funcionários da Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados (Fafen), antiga Ansa, foram recontratados, principalmente técnicos especializados no funcionamento da planta industrial, e retomaram seus postos de trabalho. A expectativa é que a unidade volte a operar no segundo semestre de 2025.


Segundo o governo, procedimentos necessários para a retomada, incluindo a publicação de editais para contratação de serviços de manutenção e materiais críticos, serão realizados imediatamente. O processo exigirá um mínimo de 85% de conteúdo local.


Após a conclusão dessa etapa, serão mobilizados os contratos de serviços e manutenção dos equipamentos para iniciar as atividades. A estratégia, segundo o governo, é “reconfigurar e consolidar operações viáveis em ativos que já pertencem à companhia”.


Para a intervenção e retorno operacional, cerca de 2 mil trabalhadores serão contratados, incluindo funcionários da Fafen e de empresas terceirizadas. Após a retomada das operações, 700 empregos diretos devem ser mantidos.


O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, destacou que a reativação da unidade contribuirá para reduzir a dependência do Brasil de fertilizantes importados.


A decisão de colocar a Ansa em hibernação em 2020, no entanto, foi motivada pelos resultados negativos recorrentes que impactavam o balanço da Petrobras.


Na época, a Petrobras explicou que a matéria-prima usada pela Ansa, o resíduo asfáltico, era mais cara do que os produtos finais. “A Ansa é a única fábrica de fertilizantes do país que opera com esse tipo de matéria-prima”, declarou a estatal em um comunicado.


A decisão da Petrobras foi manter a planta “em condições que garantam total segurança operacional e ambiental, além da integridade dos equipamentos”, o que resultou no fechamento de quase mil postos de trabalho, entre empregos diretos e indiretos.


Antes de optar pelo fechamento, a Petrobras tentou vender a fábrica a uma companhia russa que demonstrou interesse, mas o negócio não foi concretizado.


Um relatório da KPMG, que revisou as informações contábeis intermediárias, indicou que a fábrica vinha “apresentando perdas recorrentes em suas operações, devido a paradas não programadas, gerando deficiência de geração de caixa, a qual vem sendo suprida pelo suporte financeiro dos seus acionistas”.


Um relatório do BTG Pactual revelou que, de 2015 a 2021, a Ansa acumulou um prejuízo líquido de US$ 320 milhões.


A unidade passou por várias fases, incluindo privatização, reestatização e, posteriormente, foi colocada em “hibernação” devido a prejuízos recorrentes.


Criada em 1982 durante o regime militar, a Ansa, então conhecida como Ultrafértil, fazia parte da divisão de fertilizantes da Petrobras, com unidades na Bahia e Sergipe. Em 1990, no governo de Fernando Collor de Mello, a empresa entrou no Programa Nacional de Desestatização (PND) e, três anos depois, na gestão de Itamar Franco, foi vendida para a multinacional Bunge. Em 2010, a planta foi adquirida pela Vale Fertilizantes.


Em 2013, durante o governo de Dilma Rousseff (PT), a Fafen, também chamada de Araucária Nitrogenados S/A (Ansa), foi reincorporada à Petrobras em uma operação de troca de ativos com a Vale. Na época, a então presidente da Petrobras, Graça Foster, afirmou que a fábrica “nunca deveria ter saído” das mãos da empresa, “porque tem toda uma sinergia com o nosso sistema”.


A Petrobras desembolsou US$ 234 milhões para adquirir a unidade, com um plano de investir US$ 144 milhões até 2017, o equivalente a R$ 300 milhões na época, divididos ao longo de quatro anos. No entanto, a fábrica continuou a gerar prejuízos. Após tentativas frustradas de vender a subsidiária, em 2020, durante a gestão de Jair Bolsonaro (PL), a Petrobras decidiu colocar a Fafen em “hibernação”.


Lula anuncia R$ 3,2 bilhões em investimentos na Repar


Durante o mesmo evento, Lula anunciou investimentos de R$ 3,2 bilhões da Petrobras na Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar). A refinaria havia sido incluída no plano de desestatizações da companhia, mas foi retirada após o início do governo petista, refletindo uma mudança na estratégia da estatal.


Os investimentos incluem a instalação de uma nova unidade de hidrotratamento de médios (HDT) para aumentar a produção de diesel S10, além de projetos voltados à melhoria da eficiência energética.


A Repar é responsável por cerca de 15% da produção nacional de derivados de petróleo, com 85% do abastecimento destinado ao Paraná, Santa Catarina, sul de São Paulo e Mato Grosso do Sul.



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