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Líder do CV ordenou morte de candidata a vereadora e irmã e dirigiu sessão de tortura de dentro do presídio

Por Juca Queiroz - Redação Memorial

Fotos Reprodução/Redes Sociais

O brutal assassinato de Rayane Alves Porto, candidata a vereadora em Porto Esperidião (MT), e sua irmã, Rithiele Alves Porto, teve novos desdobramentos após o depoimento de suspeitos presos. Segundo as investigações, o crime teria sido ordenado por um líder da facção criminosa Comando Vermelho (CV), identificado como “Véio”, que, mesmo preso na Penitenciária Central do Estado (PCE) em Cuiabá, comandou a execução à distância, por meio de uma chamada de vídeo.


O duplo homicídio, ocorrido na madrugada do dia 14 de setembro, teria sido motivado por uma foto publicada pelas vítimas em redes sociais uma semana antes. Na imagem, as irmãs aparecem fazendo um gesto com três dedos, o que foi interpretado pelos membros do CV como um apoio ao grupo rival, Primeiro Comando da Capital (PCC). Embora a foto tenha sido tirada durante um momento de lazer em família no Rio Jauru, ela rapidamente circulou em grupos de WhatsApp ligados à facção criminosa, transformando Rayane e Rithiele em alvos do Comando Vermelho.


De acordo com os relatos de testemunhas e dos suspeitos presos, Véio teria ordenado o sequestro e a tortura das irmãs após a circulação da imagem. O plano foi colocado em prática na noite de sexta-feira, 13 de setembro, quando Rosivaldo Silva Nascimento, conhecido como “Badá”, de 19 anos, e outros membros da facção localizaram as irmãs em uma festa na cidade. Sob ameaças, as jovens foram forçadas a deixar o local e levadas para uma casa no centro de Porto Esperidião, onde foram brutalmente torturadas.


Badá, um dos executores do crime, relatou à polícia que, durante o sequestro, houve uma chamada de vídeo com Véio, na qual o líder do CV deu instruções detalhadas sobre a tortura. Ele ordenou, por exemplo, que os cabelos das vítimas fossem cortados com uma faca, um ato simbólico de humilhação. Além disso, Véio teria exigido um resgate de R$ 100 mil em troca da libertação das irmãs, quantia que nunca foi paga.


As investigações indicam que as torturas e os atos de violência contra Rayane e Rithiele foram acompanhados por Véio em tempo real, através da videochamada. As jovens não resistiram à brutalidade e foram executadas. O corpo das duas foi encontrado horas depois, deixando a comunidade de Porto Esperidião em choque.


O caso gerou grande repercussão, e as autoridades de Mato Grosso estão intensificando as buscas para identificar todos os envolvidos. A polícia segue apurando os detalhes do crime, buscando esclarecer as motivações exatas e a possível participação de outros membros da facção. Segundo os investigadores, a atuação de Véio, mesmo de dentro da prisão, reforça a preocupação com o poder e a influência das facções criminosas no estado, que conseguem operar com relativa impunidade, mesmo quando seus líderes estão encarcerados.


O assassinato de Rayane e Rithiele expôs, mais uma vez, a fragilidade do sistema penitenciário brasileiro, onde facções criminosas mantêm uma estrutura de poder organizada e controlam atividades criminosas fora das prisões. A tragédia também colocou em evidência a crescente tensão entre os grupos rivais CV e PCC, cujas disputas territoriais e de poder resultam em violência extrema, muitas vezes envolvendo inocentes.



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