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PF volta a investigar envolvidos da SSP-AM em 'Massacre do Rio Abacaxis', por reparação de danos aos familiares das vítimas

Por Juca Queiroz - Memorial News

Fotos: Agência Brasil/Arquivo

A Polícia Federal (PF), voltou à região do Rio Abacaxis, em Nova Olinda do Norte (distante 234 quilômetros de Manaus), entre os dias 15 e 23 deste mês, para dar seguimento às investigações sobre os envolvidos no massacre que resultou no assassinato de pelo menos oito pessoas em agosto de 2020.


A Polícia Federal também afirmou que durante a missão, o principal objetivo foi reparar os danos deixados às vítimas e familiares do crime.

"Pretende-se, ainda, congregar esforços institucionais e sociais que produzam um espaço de articulação intersetorial e interfederativa para que se crie uma agenda de trabalho de mediação de conflitos e de fortalecimento de políticas públicas territoriais e sociais, voltadas às comunidades tradicionais da região", explicou.

Envolvidos


Em abril de 2023, o ex-secretário de Segurança-Pública do Amazonas, coronel Louismar Bonates, e o coronel da Polícia Militar, Airton Norte, foram indiciados pelos agentes federais por envolvimento na chacina.


À época, Bonates era o secretário de Segurança Pública do Amazonas, quando os policiais militares fizeram a operação com mais de 50 homens na região de Nova Olinda do Norte.

A investigação da Polícia Federal concluiu que a tropa, sob o comando do coronel Norte, invadiu casas sem ordem judicial, torturou moradores e assassinou cinco pessoas, entre indígenas e ribeirinhos, na região do Rio Abacaxis.


O grupo também seria responsável pelo desaparecimento de outras duas pessoas. Segundo a investigação, os corpos foram jogados no Rio Abacaxis, que corta o município.

Ainda em junho do ano passado, a Polícia Federal fez uma operação em Nova Olinda do Norte para cumprir mandados contra envolvidos no "Massacre do Rio Abacaxis". Um hotel, usado por policiais militares para torturar uma das vítimas, e uma casa, que pertencem ao mesmo empresário, foram alvos dos agentes.


Entenda o Caso


Em julho de 2020, o então secretário executivo do Governo do Amazonas, Saulo Rezende Costa, foi baleado no braço após tentar entrar com uma lancha particular em uma área proibida para pesca esportiva, em Nova Olinda do Norte.


Dias depois, quatro policiais militares à paisana foram até o local na mesma lancha para prender os atiradores. Houve confronto e dois policiais morreram.


Na época, o Governo do Amazonas anunciou uma grande operação na região. Bonates e Norte foram a Nova Olinda do Norte com o objetivo de desarticular a quadrilha que aterrorizava os moradores.


Ao menos cem famílias de onze comunidades relataram ter sofrido tortura para revelar o paradeiro dos assassinos dos policiais.


Os mortos no massacre e seus algozes


A operação teve início na cidade de Nova Olina do Norte no dia 3 de agosto de 2020, depois que o secretário executivo de Estado, Saulo Moysés Rezende Costa, foi atingido por um disparo no dia 24 de julho do mesmo ano, no Rio Abacaxis.


Segundo a SSP-AM, o objetivo era desarticular uma organização criminosa, que atua na região com a prática de tráfico de drogas, ameaças, homicídios e crimes ambientais.


Segundo relatos de moradores da região, as mais de cem famílias passaram a ser agredidas depois da morte dos dois policiais, no dia 3, data que a PF chegou na cidade investigar as denúncias de que moradores estariam sofrendo tortura e abusos por parte da Polícia Militar.


Márcio Carlos de Souza

O cabo Márcio Carlos de Souza foi morto durante um ataque de criminosos, no Rio Abacaxis, durante o primeiro dia de operações. Ele fazia parte da Companhia de Operações Especiais (COE), e, segundo a Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM), foi assassinado no dia 3 de agosto.


Manoel Wagner Silva Souza

Manoel Wagner Silva Souza era 3º sargento da Polícia Militar do Amazonas (PM-AM) e também fazia parte da Companhia de Operações Especiais (COE). Ele foi assassinado junto do cabo Márcio Carlos, no dia 3 de agosto, durante confronto no Rio Abacaxis.


Anderson Barbosa Monteiro e Vandrelane de Souza Araújo

Anderson foi um dos três ribeirinhos encontrados mortos no dia 11 de agosto. Ele estava junto da esposa e do enteado e, segundo os ribeirinhos, os três estavam em uma lancha a caminho do município quando foram interceptados pelos policiais. O corpo foi encontrado por equipes da Polícia Federal com marcas de tiros. Ele era extrativista e deixou duas filhas.


Vandrelane era casada com Anderson e mãe de Matheus Cristiano. Ela estava na embarcação do marido no momento em que policiais abordaram o grupo, segundo familiares. O corpo foi achado no dia 11 de agosto, por agentes da Polícia Federal. Segundo parentes, Vandrelane era mototaxista.


Matheus Cristiano de Souza Araújo

Matheus tinha 15 anos e era filho de Vandrelane e enteado de Anderson. Ele estava com o casal no momento em que o barco foi supostamente parado pelos policiais militares, no meio do rio.


Josimar e Josivam Moraes Lopes

Os dois jovens mortos da etnia Munduruku, são da Aldeia Laguinho, que fica na Terra Indígena Kwatá-Laranjal. De acordo com o cacique Gelcimar, os jovens foram vistos, pela última vez com vida, por volta das 8 horas do dia 5 de agosto. Eles estavam viajando em uma rabeta [pequena canoa a motor] em direção a sede do município de Nova Olinda do Norte.


SSP negou ilegalidade na ação, na época


Coronel Bonates, na época, secretário de Segurança do Estado do Amazonas


Por meio da Assessoria de Imprensa, a SSP negou qualquer tipo de arbitrariedade no local. Disse que não está havendo restrição de circulação de pessoas e não recebeu relatos de abusos praticados por parte de agentes de segurança.


O órgão informou ainda que o secretário-executivo Saulo Resende (FOTO), relatou, em boletim de ocorrência, que “antes de ser alvo de tiros, a embarcação em que ele estava na companhia de outras pessoas fora abordada, de madrugada, por indivíduos com armas de fogo, facas e tochas de fogo, logo na entrada do rio. Depois deste fato, foram iniciadas investigações e encontrados indícios dos crimes de tráfico de drogas e formação de milícia armada nessa região”.







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