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Prefeitura de Manaus percorre rios, estradas e florestas para levar ações de saúde à zona rural

Por Victor Cruz/Semsa


O objetivo da atividade, além de identificar qual a população real da zona rural, é saber exatamente (por meio de georreferenciamento) onde vivem as pessoas com diabetes, hipertensão, grávidas, mulheres em idade reprodutiva, crianças menores de 5 anos de idade, entre outros grupos, para que a Semsa preste assistência de forma direcionada, programada e efetiva. (Foto: Divulgação/Semcom)



Equipes de saúde da Prefeitura de Manaus encaram, todos os dias, condições desafiadoras para prestar assistência à população que vive na zona rural da cidade, estimada em 32.539 habitantes, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Por meio de estradas, rios e florestas, os profissionais da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa) vêm ampliando a cobertura desse público e já tiveram os resultados reconhecidos pelo Ministério da Saúde (MS).


O diretor do Departamento do Distrito de Saúde Rural (Dedisar), Rubens Souza, informou que o planejamento das ações em saúde considera o território, seja por meio de ramais, vicinais, rios ou igarapés, e fatores da natureza, como a enchente e vazante dos rios e períodos com chuvas mais intensas ou temperaturas elevadas, que marcam as sazonalidades epidemiológicas.

“A nossa logística é muito mais delicada quando comparamos com a área urbana, mas é nosso compromisso enfrentar essas questões para realizar as ações programáticas, para chegar até ao hipertenso, o diabético, as crianças, entre os demais grupos que integram essa população”, disse.

Para se ter uma noção da extensão territorial, o IBGE estima que o município de Manaus possui uma área total de 11.401 quilômetros quadrados, sendo que o perímetro rural corresponde a 11.024 quilômetros quadrados, ou seja, 93% da área total da capital amazonense. Para organizar o processo de trabalho nessa região, a Semsa adotou três tipologias para as unidades da área rural: as terrestres (acesso por estradas e ramais); as ribeirinhas (acesso pelos rios); e as fluviais (unidades que funcionam em embarcações).

Rubens explicou que quatro Unidades de Saúde da Família Rural (USFRs) estão distribuídas nas rodovias, sendo duas na BR-174 e duas na AM-010. Outras três USFRs têm acesso apenas fluvial, pela marina do Davi, pois estão localizadas às margens dos rios Igarapé-Mirim e Igarapé-Açu. E há, ainda, duas Unidades de Saúde da Família Fluviais (USFFs), que são embarcações com equipes multiprofissionais que levam serviços aos moradores de comunidades longe do centro urbano, nas calhas do rio Negro e do rio Amazonas.

“Estamos avançando bem com essa estrutura, pois a cobertura da Atenção Primária, que era de cerca de 40% no último quadrimestre de 2021, já superou os 70% no primeiro quadrimestre deste ano. E, conforme determinação do prefeito David Almeida, estamos implementando novas ações para aprimorar ainda mais o nosso serviço”, disse Rubens, se referindo aos indicadores do Previne Brasil, monitorados pelo MS para avaliar a qualidade da saúde básica dos municípios, no qual Manaus figura no primeiro lugar do ranking entre as capitais.

“Itinerância”

A gerente de Atenção à Saúde do Dedisar, Janiete Barbosa, explicou que o processo de trabalho adotado nessas localidades é denominado “itinerância”, que visa facilitar o acesso aos usuários que não dispõem de condições financeiras e transporte para chegar às unidades. As equipes itinerantes são compostas por médicos, enfermeiros, técnicos em enfermagem, Agentes Comunitários de Saúde (ACSs), Agentes Comunitários de Endemias (ACEs), entre outros.

“A equipe multidisciplinar realiza atendimentos conjuntos e oportunos nos ramais, nos pontos de apoio distribuídos nas calhas do rio Negro e rio Amazonas, e residências isoladas. As equipes levam até esses locais o material necessário para ofertar testes rápidos de Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), gravidez, Covid-19, além de consultas médicas, exames de pele, acompanhamento do Auxílio Brasil, imunização, e muitos outros serviços, a fim de disponibilizar o atendimento que essas pessoas precisam de uma só vez, visto que o retorno a esse local pode demorar algumas semanas”, contou.

A Vigilância em Saúde também acompanha os agravos de maior incidência nessas áreas, como tuberculose, malária, Covid-19, hanseníase e doenças diarreicas após a enchente em áreas ribeirinhas. Também são desenvolvidas ações de Educação em Saúde, inclusive por meio do Programa Saúde na Escola (PSE). Todas as unidades também possuem laboratórios para coleta e diagnóstico de malária.

Liderança

Janiete Barbosa ressaltou que duas unidades da zona rural foram destaque na última avaliação do Previne Brasil e ficaram em 2º e 3º lugares entre todas as unidades da Semsa, incluindo as da área urbana, que tiveram melhor desempenho nos indicadores avaliados. São elas, respectivamente, a USFR São Pedro e a USFF Antônio Levino.

“Nós nos sentimos vitoriosos, porque o fluxo de trabalho é muito diferente, temos que nos adequar às imposições da natureza e o território é de difícil acesso. Mas, mesmo assim, estamos conseguindo levar assistência em saúde para uma população tão diversa e tão distante entre si”, afirmou.

Janiete detalhou que os indicadores alcançados incluem o pré-natal de gestantes com consulta odontológica, realização de testes de sífilis e HIV, cadastro de mulheres com menos de 20 semanas de gestação, coleta de exame citopatológico, e diagnóstico precoce de hipertensos e diabéticos, proporcionando tratamento adequado e evitando internação hospitalar. Além disso, de acordo com ela, a cobertura de imunização dessa população cresceu consideravelmente, principalmente de crianças menores de 1 ano de idade.

Mapeamento

A Semsa também está desenvolvendo um projeto-piloto de mapeamento da população da zona rural, o “Projeto ADA”, executado no território da USFR Ada Viana (Km 41 da BR-174). A territorialização é executada por meio do aplicativo e-SUS Território.

“Além dos cadastros individuais e territoriais, estamos traçando um perfil demográfico e epidemiológico das condições de saúde dessa população, identificando agravos e tracejando os ‘polígonos da malária’, que ainda é nosso maior agravo. Desde o último ano, tivemos uma redução de 65% dos casos e isso nos incentivou ainda mais a identificar esses polígonos, para combater a doença com mais eficácia”, explicou.

O objetivo da atividade, além de identificar qual a população real da zona rural, é saber exatamente (por meio de georreferenciamento) onde vivem as pessoas com diabetes, hipertensão, grávidas, mulheres em idade reprodutiva, crianças menores de 5 anos de idade, entre outros grupos, para que a Semsa preste assistência de forma direcionada, programada e efetiva.

Capacitação

Com o intuito de promover a capacitação e troca de experiências permanente entre os servidores, “Vivências em Saúde no Território Rural de Manaus” será o tema abordado pela Semsa na edição desta quarta-feira, 27/7, do Diálogos na Atenção Primária à Saúde (APS). A webconferência terá início às 14h, e poderá ser acessada pelo público em geral por meio do link: https://bit.ly/dialogosaps18.

Os palestrantes serão o secretário municipal de Saúde, Djalma Coelho, a subsecretária municipal de Gestão da Saúde, Aldeniza Araújo de Souza, o diretor do Departamento do Distrito de Saúde Rural, Rubens Souza, o gerente de Condições Crônicas, Dario Aguiar, e a gerente de Atenção à Saúde do Departamento do Distrito de Saúde Rural, Janiete Barbosa.

A webconferência irá tratar sobre a dimensão territorial da zona rural de Manaus, as tipologias do território e formas de acesso, os processos de trabalho, atividades integradas e experiências exitosas.

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