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Seca histórica faz Zona Franca de Manaus antecipar férias coletivas para até 15 mil trabalhadores

Por Bianca Fatim/G1 Amazonas

Foto: Divulgação/Suframa

Após Manaus registrar a pior seca em 121 anos, mais de 30 empresas da Zona Franca decidiram antecipar para este mês as férias coletivas antes previstas para dezembro. O número de trabalhadores que vão entrar em férias deve ser de 10 mil a 15 mil, segundo o Sindicato dos Metalúrgicos do Amazonas (Sindmetal).


Segundo Valdemir Santana, presidente do Sindmetal, o motivo do recesso é a escassez de matéria-prima antes do previsto.


Desde do início de outubro, a navegação de navios que transportam cargas de insumos para o comércio e fabricação de produtos na Zona Franca de Manaus (ZFM) foi suspensa temporariamente. Segundo a Associação Brasileira dos Armadores de Cabotagem (Abac), as empresas náuticas encontram dificuldades com o baixo nível dos rios no estado.


Normalmente, as empresas do Polo Industrial de Manaus (PIM) se preparam para dar férias coletivas para os funcionários em dezembro. Neste ano, o recesso seria a partir do dia 10 de dezembro, mas com a falta de matéria-prima, aproximadamente 35 empresas, das 100 do PIM, decidiram antecipar o recesso, diz o sindicato.


Waldemir Santana, presidente do Sindmetal destacou que o adiantamento das férias busca evitar a demissão de funcionários.

"Alguns produtos estão com problema, porque houve uma demanda de vendas maior do que estava programado e houve essa seca, que estava programada, mas não assim tão severa. Então, a ideia deles é antecipar as férias coletivas que estavam programadas para depois do dia 10 de dezembro, para agora. Quando chegar a matéria-prima, eles retornam, com o condicional que não haja demissão desses trabalhadores", disse.

De acordo com o presidente do Sindmetal, até o fim desta semana, as empresas que optaram pelas férias coletivas irão avisar os sindicatos. A previsão é que as férias comecem na segunda-feira (23).


O Centro da Indústria do Estado do Amazonas (Cieam) afirmou que ainda não recebeu informação das associadas sobre adoção dessas medidas.


"As empresas se planejaram para o período da seca sazonal para não faltar insumos, mas em caso necessário, a adoção de férias coletivas é uma alternativa", disse, em nota.

Parte da indústria descarta antecipar férias coletivas

A antecipação das férias coletivas não afeta todas as empresas do Polo Industrial. A Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo), por exemplo, afirmou que o cenário de estiagem severa requer atenção, mas não apontou nenhuma empresa interessada em antecipar as férias coletivas.


"Todas as 14 associadas realizam monitoramento contínuo da situação", ressaltou.


Uma das associadas da instituição é a Honda, que disse não ter nenhuma interrupção programada. "A Honda Motos tem adotado alternativas logísticas junto aos seus fornecedores e parceiros de negócio, como por exemplo a utilização de transporte aéreo e rodoviário, para minimizar impactos em sua operação", informou.


Na semana passada, ao confirmar que a navegação de navios que transportam cargas de insumos para o comércio e fabricação de produtos da Zona Franca estava suspensa, a ABAC demonstrou preocupação. A entidade disse temer não conseguir escoar produtos durante o período de "Black Friday".


Na avaliação da associação, caso a estiagem muito tempo, poderá causar desabastecimento do mercado no Sul e Sudeste, durante a temporada de compras com promoções. A "Black Friday" ocorre anualmente na última sexta de novembro, movimentando a economia nacional.


Na segunda-feira (16), Nelson Azevedo, vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Fieam), descartou essa hipótese. Ele disse que o período de "Black Friday" não será afetado no estado, pois a indústria está pronta para o período.


"A única coisa que temos conversado muito quando se fala em "Black Friday", que é na última sexta-feira de novembro, até aí todo mundo fala [indústria] que não haverá problema nenhum, porque estão todos bem com seus estoques organizados", afirmou o vice-presidente.


No entanto, o vice-presidente da Fieam não falou sobre o escoamento dos produtos para outros estados.


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